Muita gente me chamou de doida…
Eu até entendo, já que insatisfação não parece ser um motivo socialmente aceitável como racional quando o que está em jogo é a nossa estabilidade financeira.
Pior é quando se vive na capital federal e o sonho dourado desta mesma estabilidade financeira através de concurso público é algo quase sagrado. Sem ofensas. É impossível não fazer ao menos uma provinha e tentar um bom emprego por aqui.
Eu fiz há anos e eu consegui uma vaga. Não era o melhor concurso, com os melhores salários, nos melhores locais. Pelo contrário. Era piso salarial para os concursados, celetista. Mesmo assim, era um bom emprego… salário garantido no início do mês, férias garantidas… direitos trabalhistas garantidos… zero em saúde no trabalho.
Apesar dos pesares, era um emprego, que consegui meritoriamente; dentro da minha área e que, ao menos na teoria, atendia meus ideais profissionais.
Isso, naquela época, funcionava pra mim. Hoje, não mais.
Que (seu) Deus proteja os idealistas!
Eis minha carta e os motivos pelos quais pedi demissão da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), antiga Radiobrás:
Prezados chefes,
Venho por meio desta solicitar o meu desligamento da empresa.
Tal pedido não é fácil para mim. Entrei aqui há 5 anos, aprovada em concurso público para o cargo de editora logo após ter concluído a universidade. Mesmo que “selecionada” pela empresa, trabalhar na Radiobrás era a minha escolha. Acreditava em sua missão e em seu ideal de jornalismo público e cidadão. Queria e consegui, por algum tempo e a duras penas, desempenhar minha função social, primando pela democratização da informação de forma ética, consciente e plena.
Com muito pesar, vi todo este potencial de jornalismo público e cidadão (que sempre permeou a empresa) ser gradativamente menosprezado pelas gestões das quais fiz parte, ainda que de maneira maquiada.
Passei por vários setores e participei de projetos importantes, como a implementação da Radiogência Nacional. Foi nela que tudo começou. Orientada por minha incrível chefia, ajudei a colocar no ar este que foi um dos produtos mais democráticos e cidadãos da empresa. Não obstante a precária estrutura de pessoal, a Radioagência funcionava quase que 24 horas por dia. É de uma gratificação desmesurada levar jornalismo de qualidade a lugares com escasso acesso à informação.
Lamentável era que este esforço prazeroso fosse alcançado em detrimento de nossa saúde, devido à falta de pessoal, de infra-estrutura, e em razão da insalubridade do local.
Esta mesma insalubridade me acompanhou durante meu tempo como editora da Voz do Brasil e me retirou do trabalho por semanas. Mesmo com um adicional de insalubridade tardia e duramente conquistado, sofri danos, como o agravamento de meu quadro de sinusite (que agora é crônico), e riscos, como a radiação à qual fui exposta durante anos.
Porém, estas questões não me impactavam nem me descompunham tanto quanto os desprezíveis interesses pessoais e políticos que sabotavam não só o meu trabalho, a minha ética e o meu papel de jornalista, mas a missão e função da empresa.
Tal ato me impediu, em uma das ocasiões, por exemplo, de expandir horizontes e explorar meu leque de opções. Por muito tempo, insisti numa transferência para a editoria de Fotografia da Agência Brasil. Após desistir de algo formal e tentar o voluntariado, vi meu interesse no aprendizado ser mal interpretado por alguns funcionários e fui impedida de publicar o resultado deste estágio voluntário. No entanto, comemoro os ensinamentos do período.
Tive vários e grandes mestres, melhores amigos, com quem aprendi muito do que sei hoje. Depois de uma rápida passagem pela edição da Agência Brasil, fui integrar a equipe Multimídia da ABr, junto a Yasodara Córdova e Mário Marco Machado; e, em seguida, com Daniel Pádua, Emerson Luis, Lincoln Clarete e Hoziel Houston. Com eles descobri um mundo novo, uma forma de comunicação visionária, democrática, com diversas vozes, pensamentos e movimentos. Destes e de outros mestres recebi não só toda a gama de informação, troca de experiências e orientação, mas a amizade e o reconhecimento, pelos quais sou imensamente grata.
Foi o reconhecimento recebido pelo chefe Emerson Luis que me garantiu, após muitos e insistentes pedidos, em vão, a outras chefias, o gozo de uma licença não-remunerada; um benefício aos funcionários do quadro, mas que, infelizmente, na prática, é uma regalia, uma rara exceção à regra.
Assim como a maioria dos empregados do quadro, tenho recebido, junto ao contra-cheque desanimador, o desprezo por parte da direção da empresa. Mesmo tendo conquistado o adicional de insalubridade e o plano de cargos e salários, acredito que somos tratados ainda com desdém por esta gestão, haja vista as últimas negociações salariais e o aumento crescente no número de cargos de chefia com salários estratosféricos, acarretando no alargamento do abismo que separa os funcionários do quadro e os cargos de confiança. É impossível não sentir-se desmerecido com tal atitude.
E desmerecimento é a palavra que resume a forma como venho me sentindo nos últimos meses. Depois que voltei de licença não-remunerada e passei à responsabilidade da atual coordenação de Conteúdo Multimídia da EBC, fui injustamente sub-aproveitada; vi meus conhecimentos em infografia, fotografia, jornalismo multimídia, redes sociais, edição de áudio e vídeo serem descartados e desconsiderados sem uma razão clara; além de sentir-me boicotada em minhas tentativas de garantir meu serviço social, em realizar um trabalho para o público e não para o privado, de forma ética e responsável. Foi grande minha decepção, não só naquele momento, mas em várias outras ocasiões durante minha trajetória na empresa, ao perceber, nas chefias e nos funcionários, o descompromisso para com o trabalho público. Decepção e ressentimento, também, por ver-me, algumas vezes, sendo impelida à conivência para com tal atitude.
Estes também vêm sendo sentimentos com os quais convivo diariamente em minha rotina, depois de rápida estada na Presidência da República e transferência não comunicada e previamente não consentida para a EBC Serviços. Resignei-me à mudança, apesar de desaprovar o arranjo burocrático (existente após a extinção da Radiobrás) que me retirava de minha escolha pelo público. Pessoalmente, defendo que a disposição política que repartiu uma empresa – pública em sua essência- em dois eixos opostos impeça a transparência de nossas ações e metas. Foi com desconfiança e desapontamento que vi um aumento vertiginoso das verbas para a nova EBC, ademais da criação de novos e numerosos cargos de gerência e coordenação, cujos salários segregavam ainda mais os funcionários e colocavam em risco a autonomia de nossa missão.
Toda essa insatisfação vem sendo dolorosamente incubada por longo tempo e a frustração é cada vez maior, especialmente, quando ela afeta a dedicação ao trabalho. Minha saída é reflexo do que me foi negado pela empresa e do que eu tive de negar por ela.
Porém, ainda acredito no potencial serviço público que a EBC pode empreender, não obstante as ingerências que a assolam. Cabe aos funcionários ter uma visão mais ativa que garanta a continuidade do bom trabalho independente da política. A eles, só resta a esperança de melhora no futuro. Quem sabe em uma próxima gestão?
Danielle, help me.
Sou estudante de jornalismo e quero fazer meu TCC de fotografia sobre o legado do cangaço na vida do sertanejo nordestino contemporâneo. Depois de muito pesquisar, encontrei um trabalho de Cleunice Maria dos Santos que aborda praticamente o mesmo tema. Ela apresentou na Teia Brasil 2010 e gostaria de saber se você tem o contato dela.
Abraços!
Filipe Costa
Olá Filipe.
Bacana seu projeto. Vou encaminhar seu pedido para o pessoal da Teia.
Boa sorte!
Abraços,
Danielle
Olá Filipe.
Consegui o contato que você pediu. Enviei para o email que você resgistrou aqui no Blog. Espero que tenha recebido.
Abraços
Olá Dani!
Fiquei muito feiz em deparar com a sua coragem e sua atitude. Não nos conhecemos…encontrei seu blog por acaso no google qdo buscava informações sobre o concurso da EBC com previsão para 2010.
Sou formada recentemente em Rádio e Tv e tinha o concurso como meta para conseguir estabilidade e realização profissional,mas confesso que ao ler sua carta fico na dúvida.
Sempre achei que o foco era o jornalismo público e cidadão e me imaginava nesse mundo fazendo a minha parte.
Como vc mesma diz que aprendeu muito no seu período na EBC,sinceramente,vc acha que valeria a pena um recém formado ingressar nessa? Desde que soube da possibilidade do concurso me preparo para passar.
Desejo todo sucesso do mundo,afinal com toda essa atitude e coragem o mundo é todo seu e ninguém te segura!!!!
Beijos!
Magda Lomeu
Oi Magda!
Caramba! Muito obrigada pelo que vc escreveu. Fiquei realmente mexida. Essa minha carta esta chegando a pessoas e a lugares que nao imaginava que chegariam. E produzindo efeitos que eu tb nao previa.
Mas, ao mesmo tempo, fico muito feliz que mais e mais pessoas pensem e desejem o idealismo, o etico, o publico…
Voc^e deve SIM fazer o concurso para a EBC e desejo, sinceramente, que voce passe! Pessoas com sua visao sao necessarias na empresa. Pessoas com a sua disposicao!
Trabalhei 5 anos na Radiobras e, mesmo que tenha passado muito tempo “comendo pelas beiras”, fico feliz em ver que, em alguns momentos, conseguimos fazer jornalismo publico de qualidade e cidadao. Precisa ter muita forca de vontade e disposicao. Mas eh possivel.
Conheci excelentes profissionais e fiz amigos pra vida!
Aprendi muito. Foi uma escola e tanto.
Infelizmente, nao achei que a empresa me oferecia mais possibilidades alem das que jah tinha tido. Fui embora, mas levei muita coisa comigo. E um carinho muito grande pelo que tive.
Mais uma vez, te desejo muita sorte na sua carreira. E que voce e profissionais como voce possam entrar la e acrescentar esse desejo de mudanca, de etica e de cidadania.
Espero ver, em breve, seu nome na equipe EBC.
Sucesso!
Ps: meu computador ficou todo desconfigurado. Em breve corrijo os erros de digitacao.
:p
Oi Dani!
Fiquei muito feliz que vc respondeu ao meu post!
Pra vc ver…a nossa voz chega onde nem imaginávamos que seríamos ouvidos. A internet nos leva longe!
Agradeço muitíssimo a força e o esclarecimento (AINDA ACHO QUE A SUA CARTA DEVERIA SER PUBLICADA), seguirei o seu conselho e tdo dando certo em um futuro bem próximo meu nome estará na equipe na área de produção da EBC.
Não sei se vc sabe,mas dia 1o de junho acontecerá uma audiência pública sobre a programação da TV Brasil e das rádios da EBC no Auditório da Rádio Nacional, segundo o mail que eu recebi dizem que:
“A participação do público é fundamental para a construção da EBC, tanto das entidades organizadas como dos ouvintes e telespectadores em geral. É partir dessas contribuições que podemos definir os rumos para que o conteúdo gerado pelos veículos da empresa cumpra da melhor forma possível a sua missão pública”, afirmou a presidente do Conselho Curador, Ima Vieira.
Sinceramente,isso é realmente levado em conta?
Missão pública,é o que deve ser. Tomara!
Mais uma vez obrigada pela força!
Sucesso para nós!!!!!
Bjus!
Magda Lomeu
Oi Magda!
Também espero que você possa integrar a equipe da EBC logo. Da mesma forma, espero que todos estejam sempre dispostos a discutir e, mais do que isso, FAZER jornalismo com foco no cidadão.
Independente de ser uma empresa pública ou privada, acredito que todos deveríamos ter essa preocupação. Afinal, nós jornalistas temos uma função social.
No caso de uma empresa pública, por ser mantida com nossos impostos, essa preocupação deve ser prioridade.
Quanto à publicação de minha carta de demissão, uai! Ela já está publicada! Aqui!
:p
No meu blog, no “meu” espaço onde exponho “minhas” idéias!
Como você bem observou, a internet tem um alcance incrível e uma imprevisibilidade muito interessante. Não sabemos onde nossa informação pode chegar, mas ela chega a quem procura e a quem pode interessar. Sem contar que, aqui, ela é mais “perene”, fica guardada e registrada. Melhor do que num pedaço de papel que vai enrolar peixe no dia seguinte
:p
Parabéns pelo interesse e pela vontade de fazer um jornalismo digno, correto e cidadão. Continue assim!
Obrigada pelo apoio e pelos comentários!
Boa sorte,
Dani
Oi, Dani, é a Carine, bom te encontrar por aqui, pela Teia, pelos árduos caminhos do jornalismo democrático…
Como você também tenho me movido pela crença de que um outro jornalismo é possível, que o PL da Jandira não deve ficar só no papel e que as empresas públicas de comunicação devem – obrigatoriamente – primar pelo papel de medio democrático, diverso, regional, independente…
Como você, senti na pele que minha ideologia não casava com os interesses institucionais quando coordenei um projeto em TV pública que quis direcionar para esse caminho e fui tolhida pela falta de pessoal, pela falta de verba, pela falta de estrutura e até mesmo pela não abertura do jornalismo da emissora àquilo que era produzido pelo e para o público, o povo.
Hoje toco a Agência Pública de Notícias e espero reunir pessoas como VOCÊ, que acreditam nesse mesmo ideal.
Que bom seria se todos os homens fossem humanos e todas as pessoas fosse sensíveis quanto sentem arrepios na pele.
Parabéns sempre, você é uma guerreira, muito corajosa, muito feliz nas suas decisões e nas suas colocações e eu fico orgulhosa de ter trabalhado, ainda que por uma semana, contigo e podido aprender como se faz democracia.
Um grande beijo e muita saudade!
Oi Carine!
Que alegria ler isso! É tão bom saber que há pessoas que lutam pelos ideais e insistem em fazer valer o bem maior!!!!
O caminho é difícil, mas é tão gratificante quando conseguimos fazer a diferença.
Tenho certeza de que o seu caminho será brilhante e recompensador.
Foi uma honra e uma alegria te conhecer e poder trabalhar com você na cobertura compartilhada na Teia. Foi uma aprendizado incrível e uma troca muito gostosa. Saudades daqueles dias de trabalho intenso, mas boas conversas e bons resultados.
Muito obrigada,
Sucesso!
Dani
[…] https://danielleapereira.wordpress.com/2010/03/23/bye-bye-baby-e-os-motivos-pelos-quais-pedi-demissao… […]
Dani,
há dois anos tomei a mesma decisão que você, e não me arrependo em nenhum momento dela. E decidi sair por não acreditar numa mudança, nem a longuíssimo prazo. Hoje trabalho numa empresa que valoriza e investe em seus profissionais. Desejo muito boa sorte em seu caminho, você, corajosa e destemida como é, logo logo estará colhendo os frutos da sua não-acomodação.
Um beijo,
Irene Lôbo
Nossa Irene!
Super grata por suas palavras. E obrigada pelo apoio.
Pude acompanhar um pouco da sua tragetória na empresa, seus sucessos e descontentamentos.
Fico feliz que esteja feliz e realizada.
Em breve espero poder dizer o mesmo.
Sucesso e um abraço,
Dani
Tia Dani, minha ex-professora na Radioagência.
Primeiro, uma bronca.
Como é que só fui te ver, agora, nesta linda carta, mesmo tendo te incentivado a alçar vôo, através do Google.
Segundo, se ias usar a minha avó Joplin, ficaria melhor a música Mercedez Bens.
Terceiro, estou te add no meu blog
Os Fantasmas da Rádio Nacional:
http://mamcasz.wordpress.com
P.S.
Ainda bem que não chegaste a ser “fantasmas”. Saiste a tempo, que nem outras finas figuras (Irene,etc).
Bjss
Mamcasz
Sobrinho Mamcasz,
Siiiimm!!! Nada de ser fantasma! Afinal, estou mto jovem para virar uma alma penada sem salvação, perdida no limbo do executivo
:p
Fico mto feliz pela sua descoberta, via google, da minha carta. Isso mostra que ela está sendo acessada, e esse foi meu objetivo: mostrar às pessoas o que vivemos na EBC e o quão longe estamos do jornalismo público que é pregado pela empresa.
Aproveito para parabenizar a sua coragem e a sua consciência por postar o que vive dentro da empresa no Blog “Os fantasmas da Rádio Nacional” (que eu tb vou adicionar na minha lista). É mto bom saber que ainda temos gente engajada e consciente fazendo seu papel lá dentro e lutando pelo nosso ideal de jornalismo público e cidadão.
Lamento que não tenha mais conseguido lutar. Mas acho que fiz o que pude e agora prciso buscar outros caminhos, pois não vi mais esperança de alcançar meus ideais idealistas dentro da EBC.
Muitíssimo obrigada pela força de sempre!
Bom que assim nos mantemos em contato.
Um grande abraço!
Dani
Apoiada. Olhando tudo aqui do Rio e pensando que um dia, essa história pode se repetir. Beijos!
Dani,
Confesso que fiquei impressionada com seu ato de coragem e principalmente com sua brilhante habilidade com o mundo das palavras…temos um talento em nosso grupo LOGS:D…estou orgulhosa e tenho ainda uma sugestão: acho que você deveria tornar pública essa carta. Tenho um contato de uma pessoa que escreve para o Correio Braziliense..quer que eu tente alguma coisa lá? Me liga pra gente conversar a respeito…super beijo!
Dani, é isso ai menina de coragem. Eles quem sairam perdendo uma pessoa tão capacitada para tal cargo, mas com certeza pessoas como vc não ficam por muito tempo desperdiçadas. Bjs e conte comigo, Rosão.
Rosão e Arian!!!!
Que surpresa boa ler o comentário de vocês!
Muito obrigada mesmo pela força.
É nessas horas que a gente vê o quanto temos apoio de gente querida!
Bjocas
Dani,
Adorei a carta! Quando vc me disse, nao imaginava assim tao boa. Parabens pela coragem e saiba que estarei ai pra te apoiar sempre!
Bjos
Dani,
A grande imprensa está a serviço do poder do capital, não tem jeito. NUNCA vai cumprir a função de apresentar as milhões de reivindicações da nossa diversa população, nem dar espaço ao contraponto de ideias ditas senso-comum, nem falar de temas que ferem seus patrocinadores…
Portanto desanima saber que profissionais sérios e competentes estão ficando frustrados e descrentes na EBC, que deveria ser o santuário do jornalismo decente. Fico muito triste sempre que ouço sobre os rumos que a nossa empresa de jornalismo cidadão está tomando, cada vez mais distante de sua missão e mais submissa aos interesses de gestões passageiras.
Temo que a EBC acabe perdendo todos os profissionais que, como você, têm de fato interesse em ajudar a instituição a cumprir sua missão. Assim o sonho de um jornalismo publico, democrático e pluralista fica cada vez mais distante… É uma pena! 😦
Respeito totalmente a sua decisão de sair. Se você já não acreditava que poderia fazer a diferença lá dentro, e já tinha tentado o que podia, não valia a pena ficar lá sendo sugada pela insatisfação nos seus anos de maior energia.
Fico orgulhosa e cheia de esperança quando me deparo com gente que nem você: que ouve o coração, que não teme por a boca no trombone (ou no blog mesmo) pra dizer o que está vendo de errado, que não é comodista e não desiste da luta, indo em busca de seus ideais ‘no matter what’.
É bom estar ciente que a vida dos idealistas é beeeem mais difícil. Mas sinceramente, também é muuuuuito mais gratificante. Tenho certeza que com essa coragem e determinação você chega onde quiser! E se precisar de ajuda nessa batalha, pode contar comigo!
Muito obrigada Maiana!
Obrigada e parabéns por você também enxergar os problemas de nossa profissão e não aceitá-los sem questionamento.
Sigamos na luta.
Boa sorte pra vc hoje e sempre!
Creio que a Yaso colocou um ponto muito importante — o dos saldos positivos que ficam após os nossos momentos mais difíceis. Aqueles com quem você trabalhou (e tenho dois deles sentados aqui na minha frente enquanto escrevo) ficam muito felizes de ter conhecido você e aprendido um pouco do muito que você tem a ensinar.
E olha só que bom, ainda vamos todos trabalhar juntos muitas vezes por aí. Para você que começa um novo vôo, venho reiterar: seja sempre bem vinda ao bando! =)
Abração do Duende.
P.S. não é necessário agradecer por palavras ditas de coração.
Dani
Pelo menos pra uma coisa serviu o seu período na EBC:
a gente se conheceu e eu pude aprender muito contigo sobre ética e jornalismo cidadão. Sempre admirei seu jeito de fazer o seu trabalho, e acredito que a ex-radiobrás não tem mais espaco para o que você pretende.
Além disso, você é muito corajosa. Admiro as pessoas que saem do seu conforto desconfortável diário para fazer algo diferente, ainda mais quando abrem mão de dinheiro, geralmente em quantia mesquinha se comparado ao tamanho dos seus sonhos.
Boa sorte, e conte comigo pra tudo sempre.
Yaso
Oi, Danielle,
Faço minhas as palavras do Alex Rodrigues. É mais uma baixa entre os que lutam por uma comunicação realmente pública, sem a politicagem de sempre.
Eu te entendo perfeitamente e lamento que ainda prevaleçam os interesses políticos sobre o interesse público. Continuarei lutando contra isso enquanto tiver forças.
Grande abraço
Carlos Scomazzon
Car@s!
Fiquei sem palavras ao abrir meu blog hoje e me deparar com os comentários de vocês. Mas vou tentar verbalizar esses sentimentos.
Fiquei sensibilizada pelas palavras de carinho e apoio, vindas de amigos, colegas, internautas; gente que me conhece bem, gente que nem me conhece….
Me emociona saber que vocês me compreendem, que vocês acreditam que é possível correr atrás do que achamos que é certo e melhor, seja para nós mesmos, seja para aqueles que são atingidos pelo que fazemos.
Dá uma sensação de esperança… de que há gente disposta a se realizar e ser feliz. O mundo é tão melhor quando estamos satisfeitos…
A vocês o meu muito obrigada!
Um recado pessoal:
Aos meus amigos, alguns com quem eu não falava havia tempos, mas que sempre que preciso reaparecem: Clarissa e sua odisséia pela Alemanha! Quem sabe a gente se vê por aí! Buss, que sempre emprestou os ouvidos par aguentar minhas longas lamúrias, sejam pessoais e/ou profissionais… ! Duende, que compartilhou comigo alguns dos momentos que cito na carta. Às nossas eternas conjecturas quanto ao governo e social!
Alex, que sempre lutou pelo que acredita dentro da empresa. Meus desejos de que continue lutando e vencendo batalhas!
Erick e Ricardo! Muito obrigada pela força! É bom descobrir que há pessoas que acreditam nos ideais!
Ah, Ricardo! Eu tinha pensado inicialmente em Blitz… sabe, “estou a dois passos.. do paraísssooo…”. Mas achei que o momento pedia mais poesia que ironia.
:p
Que bom que gostou!
Um grande abraço a todos!
Dani
Dani,
Satisfação pessoal e profissional é um motivo muito mais aceitável que estabilidade financeira para as pessoas se levantarem dia após dia e se dedicarem a um trabalho. E cada um sabe a carga de insatisfação que é capaz de suportar e quando é chegado o momento de buscar outros horizontes para continuar fazendo aquilo em que acredita. Sua decisão, infelizmente, é uma baixa entre os que lutam para fazer uma comunicação pública séria, isenta e apartidária, mas espero que você continue nos dando força. E obrigado pelo que vc pode compartilhar com a gente.
Alex Rodrigues
A coragem e o amor próprio nos tornam mais vivos.
Isso não é uma carta de demissão. É uma mensagem de apoio aos que ficam… lindamente, aqui, adornada com Janis…
Eu te entendo, minha cara.
Te entendo por empatia, por ter vivido experiências semelhantes embora muito mais breves, e te entendo por ter acompanhado de perto o final de seu bom combate em nome de um Jornalismo que te fizesse não se envergonhar mais de ser jornalista.
Infelizmente esta guerra vem sendo perdida em várias frentes. A perversão da EBC e dos ideais sobre os quais esta foi fundada é apenas uma das faces do que ocorre hoje com a Imprensa brasileira, que de tão maiúscula já enverga modos de Igreja e se arroga a ditar dogmas e paradigmas para o fiel leitor. E o jornalismo, que um dia se propôs a ser quase um sacerdócio hoje em dia já tem, ironicamente, contornos eclesiásticos — com direito a uma desfaçatez vaticana a respeito dos próprios crimes e pecados.
Quero dizer também que me orgulho da sua coragem. Coragem que melindra e assusta àqueles que estão acomodados ou comprometidos demais com este velho mundo que nos sufoca e envergonha. Coragem de quem não está na vida a passeio, nem para fazer por menos. A EBC onde você um dia acreditou ter um lugar, não existe mais. E na EBC que hoje é, não há lugar para gente com a sua coragem e os seus ideais. Desligar-se dela, e lavar-se da sujeira que representa, é um ato de coragem que define e retifica publicamente quem você é: e que poderia se orgulhar de se dizer jornalista de verdade, se o jornalismo não tivesse se tornado algo tão torpe.
Em resumo, parabéns pela carta e pelas verdades que precisam ser ditas. Há ainda muitas mais por aí que sei que você ainda irá dizer. Tamo junto!
Abraços,
Daniel Duende
Sem palavras, são os mesmos interesses políticos e pessoais que estão afundando o Brasil, que é, e sempre será o pais do futuro.
Parabéns pela sua coragem e siga em frente companheira !!
Dani,
Sabia da história, mas achei a sua carta muito mais bacana do que imaginava. Teria sido legal receber uma resposta da empresa, além do simples desligamento… Mas o mundo dá voltas. “Quem sabe faz a hora não espera aconter”. Dani, agora o mundo é seu.
Muito boa sorte. Estamos aí para o que precisar.
Beijocas
Was soll ich denn sagen?
Dani,
O que dizer depois disso?!?
Eu sou sua fã! Espero que você continue sempre lutando pelos seus ideais, eu acredito em você.
E quanto aos outros, que te chamam de louca:
“Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
(…)
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal…”
Também me chamaram de louca quando eu larguei o meu doutorado pra virar babá… E olha a minha vida hoje! Posso estar sem dinheiro, mas estou muito mais feliz!
Vai ser feliz, Dani! 🙂
Aproveite a vida hoje e sempre.
Ich bin deine ewige Fan.
Beijos